Em termos fisiológicos, a depressão consiste num desequilíbrio químico no cérebro, que resulta de causas biológicas, psicológicas e/ou sociais. Assim, por se tratar de uma doença complexa e multifacetada, a sua cura pode exigir que se conjugue medicação com tratamento psicológico e psiquiátrico, mediante as situações.
Compreender e identificar corretamente os sinais da doença constitui um passo importante na procura de tratamento. Deste modo, é pertinente desmistificar certos estereótipos e lugares-comuns associados à doença em causa.
Quando se pensa em alguém com depressão, é comum imaginar-se uma pessoa triste, melancólica ou bastante cansada. No entanto, a tristeza e a apatia são apenas algumas formas de a doença se manifestar, já que a depressão apresenta muitas outras facetas, menos visíveis e menos faladas, que ocorrem também noutras zonas do corpo além do cérebro.

Formas de manifestação da depressão
Assim sendo, apresentamos de seguida vários comportamentos e sintomas que podem ser exibidos por uma pessoa que esteja a passar por um episódio depressivo, envolvendo diferentes aspetos do seu quotidiano:
1. Alimentação
A falta de libertação de neurotransmissores no cérebro (como serotonina e dopamina) pode desregular o padrão de alimentação de um indivíduo, aumentando ou diminuindo o seu apetite. Assim, é possível que uma pessoa deprimida exiba mudanças de peso como consequência da patologia.
2. Ritmo de sono
Por um lado, quem sofre de insónias está vulnerável a ter depressão e, por outro, quem tem depressão está vulnerável a sofrer mudanças no seu padrão de sono, o que acontece devido às moléculas biológicas serotonina e noradrenalina. Assim, os indivíduos deprimidos que têm dificuldade em adormecer ou em dormir uma noite inteira podem apresentar cansaço e falta de concentração durante o dia. É também possível que um indivíduo com depressão apresente, pelo contrário, sono excessivo.
3. Higiene
A higiene pessoal é uma das áreas do dia-a-dia que também pode sofrer, para uma pessoa com depressão profunda. Ações simples como tomar duche, escovar os dentes, mudar de roupa ou arrumar o quarto podem subitamente tornar-se desafiantes para alguém nessa condição. Uma vez mais, isto acontece devido ao desequilíbrio químico no cérebro de um indivíduo deprimido, em que a libertação de neurotransmissores não ocorre como seria suposto, deixando-o sem energia ou vontade para cumprir quaisquer tarefas.

4. Isolamento
As moléculas responsáveis pela comunicação entre neurónios – os neurotransmissores – são libertadas em maior quantidade após a realização de uma ação que dá prazer a um indivíduo, o que pode incluir um passeio ou um convívio com amigos. Se este processo não está a funcionar como deveria, é provável que o indivíduo se isole, deixando de responder a mensagens ou telefonemas e evitando encontros sociais ou compromissos familiares, por exemplo.
5. Doenças associadas
Uma pessoa com depressão tem tendência a descuidar a sua saúde física, deixando de praticar exercício físico e de ter uma alimentação saudável, em muitos casos. Ao abandonar estes comportamentos, as defesas do corpo ficam fragilizadas e, num sistema imunitário desequilibrado, o risco de contrair infeções ou outro tipo de doenças aumenta. Assim, se a saúde física de um indivíduo se torna atipicamente preocupante, esse pode ser outro sinal de que a sua saúde mental também está a sofrer.
Deste modo, é possível perceber que os sintomas depressivos vão muito além do clichê da pessoa triste e apática. Dar visibilidade aos sinais menos falados de um estado depressivo é importante para acabar com tabus e estigmas associados à doença e, além disso, é bastante importante para ajudar a reconhecer certos comportamentos como possíveis indícios de depressão, já que a identificação correta do problema é essencial para que o tratamento tenha sucesso.
Fontes:
https://www.medley.com.br/podecontar/quero-ajudar/por-fora-por-dentro
https://blog.psicologiaviva.com.br/depressao-profunda
https://blog.psicologiaviva.com.br/prejuizos-da-depressao-para-a-saude-mental/